Elisabete Borgianni,
presidente da AASP Brasil foi uma das palestrantes da segunda mesa de debates
do 8º Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora. O tema
da mesa foi “Espaços sócio ocupacionais, lutas sociais e os desafios do projeto
ético-político do Serviço Social ante o conservadorismo”. Elisabete tratou do
assunto sob o âmbito do sociojurídico.
Sua exposição baseou-se em três eixos:
caracterização da área sociojurídica, alguns exemplos de como o conservadorismo
vem se expressando nesta área e a importância dos movimentos dos assistentes
sociais e demais trabalhadores organizados para o enfrentamento e a resistência
a esse avanço do conservadorismo nos dias atuais. Para ela, o conservadorismo
se expressa nessa área no excesso de criminalização das expressões da questão
social; no chamado “populismo punitivo”, onde a presunção da inocência é
substituída pela presunção da culpa; no número assustador de jovens e adultos
encarcerados no Brasil; no número crescente de destituições do poder familiar
por uso de substancias proibidas, como o crack; no próprio combate às drogas
baseado no proibicionismo; nas propostas que se dizem vinculadas aos Direitos
Humanos de vítimas, como o Depoimento Sem Dano, a Lei da Alienação parental, a
Lei do Bullyng, que mais criminalizam e responsabilizam penalmente do que
protegem direitos; na degradação das condições de trabalho e salário dos que
atuam nessa área; nos agravos de saúde provocados por essas condições e pela
pressão da enorme demanda; na direitização da Política no Parlamento e na
dificuldade de aprovar projetos de Lei de interesse dos trabalhadores e
nas demandas que nos são colocadas no cotidiano profissional.
“Por
tudo isso, temos a necessidade urgente de resistir à imposição de que nosso
trabalho se desenvolva sem condições básicas, sob a pressão insana da demanda e
de prazos impossíveis de serem cumpridos; sem tempo para refletir, estudar,
analisar as situações extremamente complexas que nos caem nas mãos”, pontuou.
“Temos que ter clareza de que o que nos une nessa área não é só o fato de
estarmos na interface com o universo jurídico e do direito burguês, mas também
que a população que atendemos, seja em um CREAS, seja no Ministério Público, na
Defensoria, no Sistema penitenciário ou no Sistema Socioeducativo ou em um
Tribunal de Justiça são todos maridos, irmãos, esposas, filhos, cunhados, avós
etc. que são atingidos pelos mesmos fenômenos que são expressões agudas da
questão social”, completou.
Terminou
sua exposição falando sobre o Movimento Sociojurídico e a AASP Brasil, que têm
como um de seus objetivos unir forças com o conjunto CFESS/CRESS, a ABEPSS, a
Enesso nas lutas gerais da profissão. Explicou que uma das táticas do movimento
é a ocupação de palcos em eventos, nos quais não nos tenha sido franqueada a
voz, com faixas e cartazes e que uma demonstração seria dada ali no 8º
Seminário. Assista como foi:
O Seminário
A
edição deste ano do Seminário de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora
teve como tema “Conservadorismo, lutas sociais e Serviço Social: expressões e
desafios ao projeto ético-político”. O evento ocorreu em São Paulo, no Teatro
Tuca.
Além
de Elisabete, tivemos as palestras de Michael Löwy e Maria Lúcia Barroco, que
falaram sobre o tema “Crise capitalista, conservadorismo e a extrema direita na
Europa e no Brasil e seu rebatimento no Serviço Social”. Na mesma mesa da
presidente da Associação, também participaram Ivanete Boschetti, Berenice Rojas
Couto e Maurílio Castro de Matos.