segunda-feira, 18 de maio de 2015

AASP Brasil e Movimento Sociojurídico “ocupam” palco durante 8º Seminário Anual de Serviço Social

Elisabete Borgianni, presidente da AASP Brasil foi uma das palestrantes da segunda mesa de debates do 8º Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora. O tema da mesa foi “Espaços sócio ocupacionais, lutas sociais e os desafios do projeto ético-político do Serviço Social ante o conservadorismo”. Elisabete tratou do assunto sob o âmbito do sociojurídico.
Sua exposição baseou-se em três eixos: caracterização da área sociojurídica, alguns exemplos de como o conservadorismo vem se expressando nesta área e a importância dos movimentos dos assistentes sociais e demais trabalhadores organizados para o enfrentamento e a resistência a esse avanço do conservadorismo nos dias atuais. Para ela, o conservadorismo se expressa nessa área no excesso de criminalização das expressões da questão social; no chamado “populismo punitivo”, onde a presunção da inocência é substituída pela presunção da culpa; no número assustador de jovens e adultos encarcerados no Brasil; no número crescente de destituições do poder familiar por uso de substancias proibidas, como o crack; no próprio combate às drogas baseado no proibicionismo; nas propostas que se dizem vinculadas aos Direitos Humanos de vítimas, como o Depoimento Sem Dano, a Lei da Alienação parental, a Lei do Bullyng, que mais criminalizam e responsabilizam penalmente do que protegem direitos; na degradação das condições de trabalho e salário dos que atuam nessa área; nos agravos de saúde provocados por essas condições e pela pressão da enorme demanda; na direitização da Política no Parlamento e na dificuldade de aprovar projetos de Lei de interesse dos trabalhadores e  nas demandas que nos são colocadas no cotidiano profissional.
 
“Por tudo isso, temos a necessidade urgente de resistir à imposição de que nosso trabalho se desenvolva sem condições básicas, sob a pressão insana da demanda e de prazos impossíveis de serem cumpridos; sem tempo para refletir, estudar, analisar as situações extremamente complexas que nos caem nas mãos”, pontuou. “Temos que ter clareza de que o que nos une nessa área não é só o fato de estarmos na interface com o universo jurídico e do direito burguês, mas também que a população que atendemos, seja em um CREAS, seja no Ministério Público, na Defensoria, no Sistema penitenciário ou no Sistema Socioeducativo ou em um Tribunal de Justiça são todos maridos, irmãos, esposas, filhos, cunhados, avós etc. que são atingidos pelos mesmos fenômenos que são expressões agudas da questão social”, completou.
 
Terminou sua exposição falando sobre o Movimento Sociojurídico e a AASP Brasil, que têm como um de seus objetivos unir forças com o conjunto CFESS/CRESS, a ABEPSS, a Enesso nas lutas gerais da profissão. Explicou que uma das táticas do movimento é a ocupação de palcos em eventos, nos quais não nos tenha sido franqueada a voz, com faixas e cartazes e que uma demonstração seria dada ali no 8º Seminário. Assista como foi:
 
 
O Seminário
A edição deste ano do Seminário de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora teve como tema “Conservadorismo, lutas sociais e Serviço Social: expressões e desafios ao projeto ético-político”. O evento ocorreu em São Paulo, no Teatro Tuca.
Além de Elisabete, tivemos as palestras de Michael Löwy e Maria Lúcia Barroco, que falaram sobre o tema “Crise capitalista, conservadorismo e a extrema direita na Europa e no Brasil e seu rebatimento no Serviço Social”. Na mesma mesa da presidente da Associação, também participaram Ivanete Boschetti, Berenice Rojas Couto e Maurílio Castro de Matos.