Convidada pelo Conselho
Regional de Psicologia, a AASP Brasil participou no último dia 20 de uma
reunião para discussão sobre o depoimento especial de crianças e adolescentes
vitimas de violência sexual. Representaram nossa Associação a presidente, Ana Cláudia
Junqueira Burd, a vice-presidente, Cintia Silva, o segundo secretário, Eduardo
Neves, a conselheira fiscal, Lilian Magda Macedo e a representante do Conselho
de Especialistas, Elisabete Borgianni. Também foram convidados representantes
do Conselho Federal de Psicologia (CFP), do Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS), do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP) e da
Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo (AASPTJ-SP), além de representantes do Núcleo de Justiça do
CRP-SP. Também participaram as especialistas sobre o tema: a psicóloga e
professora Dra. da UERJ Leila Torraca, a assistente social judiciária
aposentada Dra. Eunice Fávero e a assistente social do Ministério Público do
Rio de Janeiro Dra. Marcia Nogueira da Silva (que participou como convidada da
AASP Brasil).
O encontro teve como
objetivo debater sobre a lei 13431/17 (institui o Depoimento Especial para os
casos de crianças e adolescentes vitimas de violência sexual), aprovada no
Congresso e que entra em vigor em abril de 2018. Paula Rosana Cavalcante,
representante do Núcleo de Justiça afirmou que muitos psicólogos do Tribunal de
Justiça de São Paulo levaram ao Conselho a preocupação de como será a atuação
dos profissionais diante desta nova legislação, visto que o TJ-SP já iniciou as
capacitações e está convocando-os a participar. Alguns psicólogos que atuam no
Judiciário paulista e que estavam na reunião relataram que estas capacitações
são incipientes, muito genéricas e não tratam especificamente da metodologia, o
que tem gerado mais polêmica sobre o tema e tem deixado os profissionais
confusos sobre como agir diante da situação, uma vez que os conselhos
profissionais não veem o depoimento especial como atribuição de assistentes
sociais e psicólogos. Eunice relatou que há um grupo de profissionais
contratando uma capacitação oferecida no mercado por conta própria. Os
protocolos usados nas capacitações que têm ocorrido no Brasil e no exterior são
muito semelhantes aos utilizados para extração da verdade em prisioneiros. Leila
apresentou ao grupo cartilhas e materiais que estão sendo divulgados por ONGs com
orientações sobre o temas, algumas inclusive incoerentes com a própria lei
aprovada pelo Congresso.

Elisabete Borgianni falou
sobre a importância de não esquecermos o processo histórico de como as
metodologias conhecidas como Depoimento Sem Dano começaram no Brasil. Tudo se
iniciou como uma tese acadêmica de uma promotora da área criminal do Rio Grande
do Sul. A questão não partiu da área da Infância e Juventude. “Esta tese
apontou uma solução para uma questão do criminal: a constituição da prova
nestes casos de violência contra crianças. Só que para nós nunca nos ocorreu e
também não está nas nossas atribuições fazer oitivas”, expôs. “Sabemos que
nossos estudos e relatórios entram no processo como provas, mas nós não o
produzimos com este intuito. Nossa atuação é para a proteção da criança e não
para inquiri-la com o objetivo de responsabilização criminal”, completou.
O grupo deliberou por
aprofundar os debates e pensar formas de mobilização diante da aprovação da
lei. Pretende-se envolver nos próximos encontros os representantes dos
conselhos CFP, CFESS e CRESS-SP que não participaram desta reunião.
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