Palestra
organizada pelo CRESS-MG tratou do exemplo do Depoimento Especial
Dia 01 de dezembro a AASP
Brasil participou de mais um importante debate para a categoria dos assistentes
sociais. Organizada pelo Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais
(CRESS-MG), a palestra “A valorização do assistente social frente às investidas
neoconservadoras e suas atribuições e condições de trabalho – O exemplo do
Depoimento Especial”, contou com a participação da presidente, Ana Cláudia
Junqueira Burd, da primeira secretária, Maíla Rezende Vilela e de Elisabete
Borgianni, do Conselho de Especialistas. O evento aconteceu no Centro Universitário
UNA, em Belo Horizonte.
Elisabete iniciou falando sobre a atual conjuntura mundial e brasileira.
“A crise estrutural do capital atual que começa em 2008 nos Estados Unidos e
depois se espalha pelo mundo provoca também uma crise na política, na qual se
começa a prescindir da democracia. Na época do liberalismo econômico se tinha
ainda uma defesa da democracia. Hoje o que estamos vendo de uma forma muito dramática
é que no neoliberalismo, o valor surge do próprio valor, que é o capital
fictício e prescindi de produção e, portanto, prescindi de trabalhadores,
prescinde de pesquisa, de universidades e prescinde de democracia”, argumentou.
“Se esta conjuntura está atingindo a todos de uma forma tão cruel, está
atingindo o assistente social e o psicólogo, principalmente na ponta, no seu
local de trabalho. Vejam o que se está vivendo nos Cras e Creas, tudo o que a
gente não imaginou que deveria ser a política de assistência está ocorrendo ali
e os colegas tendo que reproduzir isso ”, disse.
A judicialização da questão
social também foi um ponto da sua palestra. “O jurídico não é uma esfera de
debate, de consenso. A esfera do jurídico é a esfera da resolução dos conflitos
pela impositividade do Estado”, expôs. “Nós assistentes sociais temos que
trabalhar para fazer o enfrentamento a este desmonte e conseguir mostrar para a
sociedade que está se usando a esfera da judicialização das questões sociais
para a resolução de questões que o jurídico não resolve”, acredita. Ela trouxe
como exemplo a pesquisa realizada pela professora Eunice Fávero que mostrou que
80% das mulheres que sofreram a perda do poder familiar na Justiça paulista não
tiveram acesso aos direitos constitucionais para que pudessem manter seus
filhos.
Maíla
trouxe um histórico do Depoimento Especial até incidir na Lei 13.341/17 e como
ele afeta o cotidiano profissional. “Estas salas de Depoimento Especial foram
sendo disseminadas em todo o país com o objetivo de responsabilização do réu e
não pela real proteção das crianças e adolescentes”, apontou. Ela falou sobre o
Projeto de Lei, de autoria da deputada Maria do Rosário (PT) e que foi aprovado
em abril deste ano tornando-se a Lei 13.341/17 mesmo com toda a mobilização dos
conselhos profissionais de Serviço Social e de Psicologia, da AASP Brasil e da
AASPTJ-SP (Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de
Justiça de São Paulo), mostrando as controvérsias contidas na nova legislação.
Tudo o que estas entidades conseguiram foi poder acrescentar no parágrafo 5° da
lei que os profissionais poderão planejar anteriormente junto ao juiz como se
dará o depoimento, ao invés de apenas reproduzir as falas e perguntas do
magistrado.
“A obrigação de falar já é
revitimizante. Temos relatos de crianças que estão sendo levadas
coercitivamente para depor”, apontou Maíla, que também criticou a pressa com
que a lei foi aprovada, sem ouvir as entidades e sem os debates necessários.
“Nosso papel é de
resistência. A lei fala em profissionais capacitados, não diz que são
assistentes sociais e psicólogos. Mas as capacitações estão sendo dadas para
assistentes sociais e psicólogos, então vai sobrar para nós”, iniciou sua fala
Ana Cláudia, sobre a importância de a AASP Brasil, junto ao conjunto
CFESS-CRESS de resistir a este desmonte. “É um momento de união enquanto
coletivo. No individual é prática suicida. É no coletivo que conseguimos
resistir”, pontuou.
Assista à palestra completa:
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