Governo
tem pressa em aprovar projeto antes do recesso parlamentar, mas enfrenta
resistência até mesmo em sua base
Dias 12 e 13 foram dias de
muita mobilização na Assembleia Legislativa de São Paulo. Com a entrada do PL
920/17 na ordem do dia, as entidades representativas dos servidores públicos
lotaram as galerias do Plenário Juscelino Kubitschek para
protestar contra a aprovação do projeto, de autoria do governo estadual.
Na
terça-feira (12/12), Elisabete Borgianni, do Conselho de Especialistas,
representou a AASP Brasil neste movimento. Na quarta-feira (13/12), nossa
assessora de comunicação, Ana Carolina Rios, acompanhou os trabalhos da Casa e a mobilização da
categoria.
Apresentado
com o propósito de renegociar as dívidas do Executivo estadual com a União, o
PL congela os gastos públicos por dois anos. Uma verdadeira bomba para o
funcionalismo, que acumula perdas salariais há anos.
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Elisabete Borgianni, José Gozze (vice-presidente da Central Pública dos Servidores) e o deputado Carlos Giannazi (PSOL) |
Acostumado com a resistência da classe trabalhadora e dos
deputados de oposição, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não contava com a
resistência dentro da sua própria base. O líder do governo na Alesp, deputado
Barros Munhoz (PSDB), chegou a chamar o projeto de “a maior burrice que já vi
na minha vida”. Após uma audiência pública com fortes protestos das centrais
sindicais e entidades, Munhoz convocou uma reunião, na qual apresentou um
substitutivo ao projeto. Com um texto mais ameno, o artigo terceiro da nova
redação trazia que o proposto no PL não impedirá a concessão de reajustes, a
concessão de promoções e progressão funcional e a realização de concursos. No
entanto, as entidades continuaram a rechaçar a proposta. Representantes do
Judiciário, da Educação, da Saúde e da Segurança Pública temem os problemas que
a falta de investimentos nestas áreas pode provocar com o engessamento
consequente da aprovação do projeto.
Mesmo com
toda a resistência, a Presidência da Alesp pautou o PL para a ordem do dia. A
poucos dias do recesso de fim de ano, o governo tem pressa em aprovar o PL.
Porém, não houve consenso no Colégio de Líderes. Deputados da oposição e também
da base afirmam que não votarão o PL 920 enquanto o governo não encaminhar à
Casa um projeto com a proposta de reposição salarial para o funcionalismo público.
Muitos deputados também atrelam o seu voto à aprovação da Proposta de Emenda à
Constituição Estadual n° 05/16, que altera o teto
salarial do funcionalismo em São Paulo. Pautado nas duas sessões
extraordinárias de quarta-feira à noite, a votação do PL foi adiada. Durante as
discussões, alguns deputados apontaram a incoerência do governo que alega ser
necessário aprovar o projeto para ajustar as contas do Estado, mas ao mesmo
tempo concede isenções fiscais bilionárias. “O governo está concedendo uma isenção
de imposto no valor de R$ 12 bilhões a grandes empresas, mas diz que não tem
dinheiro para pagar os funcionários públicos e investir em programas sociais”,
protestou a deputada Marcia Lia (PT).
Entenda as articulações
Por que o
governo Alckmin que sempre teve ampla maioria na Assembleia Legislativa
enfrenta dificuldades para aprovar o PL 920/17 até mesmo na sua base?
Preocupação com os servidores públicos que amargarão mais dois anos sem
reposição salarial? Não só.
Insatisfeitos
com a demora na liberação de verbas por meio de emendas, os deputados estaduais
viram na PEC 5 uma maneira de pressionar o governo e agradar uma parcela do
funcionalismo. Atualmente o limite salarial da categoria é vinculado aos
vencimentos do governador, de R$ 21.631. O projeto prevê que passe a ser
considerado como teto a remuneração dos desembargadores do Tribunal de Justiça
de São Paulo, que é de R$ 30.471,11.
Pelo texto da
PEC, os aumentos salariais seriam implementados de forma escalonada ao longo de
quatro anos. Um estudo feito pela Secretaria Estadual da Fazenda aponta que o
novo modelo geraria um impacto de R$ 909,6 milhões em quatro anos aos cofres
públicos a partir da implementação integral da revisão. O Executivo alega que
com a mudança, o governo ultrapassaria os limites de gastos com pessoal
impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Seriam beneficiados os agentes fiscais de renda, reitores e
pesquisadores das universidades, coronéis e delegados.
A PEC é de autoria
de 40 deputados, entre eles, muitos da base governista. Em agosto, o deputado
Campos Machado (PTB), ferrenho defensor de Alckmin na Casa, entrou com uma ação
na Justiça solicitando uma liminar obrigando a Presidência da Alesp a colocar a
PEC em votação. O Tribunal de Justiça de São Paulo negou a liminar.
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